segunda-feira, 27 de julho de 2009

CENSURA DE "20 ANOS SEM RAUL"

27.07.09

MZA News

 

KITE 20 ANOS SEM RAUL, SAIRÁ NA DATA PREVISTA

 

Após a decisão do Ministério da Justiça, em que o DVD "20 anos sem Raul" (MZA Music) deverá sair como NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 10 ANOS, a MZA teve que inutilizar as 30 mil unidades já fabricadas do DVD. Porém, a gravadora acaba de confirmar que a exigência será corrigida em tempo hábil para manter o lançamento no dia 21 de AGOSTO, data da morte do Raul de Seixas.

 

O Vídeo Documental (DVD) caiu na exigência por conter consumo de drogas lícitas (cigarro e bebida alcoólica) e Linguagem Obscena (gestos sugestivos que faz durante o diálogo que ele fala do Rock das Aranhas: "Tomada com tomada não dá contato, não dá curto circuito. Nem plugue com plugue. O mundo foi feito com tomada com plugue, tomada com plugue, aí dá uma sequência ao que Deus nos fez, ao que Deus mandou a gente fazer").

 

Assessoria MZA Music

mzanews@mzamusic.com.br

(21) 2431 7725

www.mzamusic.com.br

 

Raul Seixas censurado em pleno Século XXI, digo, 2009.

Raul Seixas censurado em pleno Século XXI, digo, 2009.
 
Raul censurado
Trinta mil capas já prontas do DVD de Raul Seixas, que a produtora MZA se preparava para lançar em agosto, precisarão ser refeitas. O Ministério da Justiça exigiu que se substitua a informação "Censura livre" por "Recomendado para maiores de 10 anos".
A recomendação do Ministério da Justiça é porque o DVD contém cenas de "consumo de drogas lícitas" (cigarro e bebida) e "linguagem obscena", provavelmente a música "Rock das aranha", aquela de 1980 — uma brincadeira de criança em 2009 — que diz "Tomada com tomada não dá contato/ não dá curto-circuito".
 

 
Sylvio Passos
 

domingo, 26 de julho de 2009

Para entender um pouco o Universo de Raul Seixas

Para entender um pouco o Universo de Raul Seixas
 
De Aristóteles a Stephen Hawking
Descrição: Será que o Universo teve um começo? Aconteceu mesmo um Big Bang? O que é Espaço? Para onde nos leva a mecânica quântica? Caberá o Universo inteiro dentro de uma molécula da mente humana? O que é Deus? Poderá o homem participar da criação do mundo? Plantas e animais têm alma? Estas e outras tantas questões atuais têm sido na verdade, levantadas por estudiosos ao longo de toda a história da humanidade. Esta coleção busca respostas na análise das teorias de filósofos clássicos, incluindo Pitágoras, Platão, Sócrates, Anaxágoras, Aristóteles e Plotino, sobre o "início do mundo". O box com 12 episódios divididos em 4 DVDs apreseta, além de astrofísica, matemática e teologia, tanto da Grécia quanto de conceituadas universidade internacionais.
Informações especiais: Extras: Menu Interativo / Seleção de Cenas
Procedência: Nacional
Estúdio: Focus Filmes
Tempo: 380
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 2008
Recomendação: livre
Região do DVD: Região 4
Legendas: Português
Idiomas / Sistema de som:
Inglês - Dolby Digital 2.0
Português - Dolby Digital 2.0
Formato de tela: FullScreen
LINK PARA COMPAR O BOX COM 4 DVDS
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Deus, Um Delírio - Richard Dawkins
Editora: Companhia das Letras
Assunto: Filosofia
ISBN: 9788535910704
Idioma: Português
Tipo de Capa: BROCHURA
Edição: 1
Número de Páginas: 528
Num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. E seu líder é o respeitado biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente um dos três intelectuais mais importantes do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista inglesa Prospect. Autor de vários clássicos nas áreas de ciência e filosofia, ele sempre atestou a irracionalidade de acreditar em Deus, e os terríveis danos que a crença já causou à sociedade. Agora, neste Deus, um delírio, seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças.
O objetivo principal deste texto mordaz é provocar: provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos "por inércia", levando-os a pensar racionalmente e trocar sua "crença" pelo "orgulho ateu" e pela ciência. Dawkins despreza a idéia de que a religião mereça respeito especial, mesmo se moderada, e compara a educação religiosa de crianças ao abuso infantil. Para ele, falar de "criança católica" ou "criança muçulmana" é como falar de "criança neoliberal" ? não faz sentido. O biólogo usa seu conceito de memes (idéias que agem como os genes) e o darwinismo para propor explicações à tendência da humanidade de acreditar num ser superior. E desmonta um a um, com base na teoria das probabilidades, os argumentos que defendem a existência de Deus (ou Alá, ou qualquer tipo de ente sobrenatural), dedicando especial atenção ao "design inteligente", tentativa criacionista de harmonizar ciência e religião.
Link para comprar o livro "Deus , um Delírio "
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O Mundo de Sofia - DVD Duplo
A Versátil apresenta a versão integral em DVD duplo de O Mundo de Sofia, minissérie baseada no best-seller internacional de Jostein Gaarder, que vendeu mais de 20 milhões de livros ao redor do mundo e foi traduzido para mais de 40 idiomas.
Às vésperas de completar 15 anos, Sofia Amundsen recebe mensagens anônimas com perguntas intrigantes, como: quem é você? e de onde vem o mundo? A partir dessas mensagens, ela se torna aluna do misterioso Alberto Knox, que a acompanha em uma fascinante jornada pela história da Filosofia, de Sócrates até os dias de hoje, passando pela Idade Média, o Iluminismo, a Revolução Francesa e a Revolução Russa.
Como o livro no qual se baseia, a minissérie O Mundo de Sofia é uma introdução inteligente e divertida à história da Filosofia, recomendada a todos que têm paixão pelo conhecimento.
Idioma do Filme: Norueguês - Dolby Digital 2.0 com Legenda em Português
Informações especiais: Menus Interativos / Seleção de Cenas
Procedência: Nacional
Estúdio: Versatil
Título Original: Sofies Verden
Tempo: 200
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 2008
Elenco: ANDRINE SAETHER & TOMAS VON BROMSSEN & BJØRN FLOBERG & SILJE STORSTEIN & NILS VOGT & MINKEN FOSHEIM
Direção: ERIK GUSTAVSON
Recomendação: livre
Região do DVD: Região 4
Legendas: Português
Formato de tela: Widescreen
Link para comprar o DVD Duplo O Mundo de Sofia
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A Historia do Rock and Roll - V.1 Episódio 1 e 2
Descrição: O ROCK´N´ROLL EXPLODE É um caleidoscópio de memórias musicais. Em entrevistas com algumas das mais brilhantes estrelas do rock , de Little Richards a Mick Jagger, Bruce Springsteen a Bono (do U2), são lembradas canções e sons que mudaram suas vidas. E uma coletânia de clipes revela as primeiras estrelas do rock : Muddy Waters, Chuck Berry e Little Richards. Tina Turner recorda dias de trabalho duro nos campos de algodão e nas noites embaladas pelo sonho de sua carreira musical. E Michael Jackson tempos depois, interprretando Billie Jean. ROCK DA PESADA ESTA NOITE Reconta os dias de glória da Era de Ouro do rock: Elvis Presley, Buddy Holly, Little Richards e Jerry Lee Lewis. Dick Clark fala da origens do programa de TV American Bandstand e Fabian divide seus dias de fama precoce. Vale lembrar que o rock era dominado pelos ídolos adolecentes com estilos agitados de dança como o Twist. Mas como revelam os clipes de Ben E. King e dos Ronettes de Phil Spector, havia ainda muito mais coisa reservado para o rock do que apenas um bando de garotos tentando ser o próximo Elvis
Procedência: Nacional
Estúdio: Warner Home Video
Título Original: THE HISTORY OF ROCK´N ROLL - Vol 1
Tempo: 121
Cor: Colorido
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legendas: Inglês, Português, Espanhol, Coreano, Chinês, Japonês
Idiomas / Sistema de som:
Inglês -
Formato de tela: FullScreen
Link para comprar o DVD A Historia do Rock and Roll V.1 Episódio 1 e 2
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A Historia do Rock and Roll - V. 2 Episódio 3 e 4
Descrição: OS BRITÂNICOS INVADEM, OS AMERICANOS ... O Renascimento do rock entre os anos 1964 a 1966 : imagens inéditas mostram os Beatles em 1963, os Rolling Stones em 1965, os Kinks em sua primeira apresentação e o The Who ovacionado por seu público, brilhando com I CAN´T EXPLAIN . Os Beach Boys explicam como as bandas britânicas estimularam a criatividade deles. Supremes e Lovin´Spoonful recriam uma era quando o rock ´n ´roll ainda era jovem e cheio de alegria, própria das novas descobertas musicais. O SOM DO SOUL Arraigado no gospel, desenvolvido sob a influência da música popular com uma forte dose de sentimento rhytm-and blues, os primeiros frutos do soul só floriram no final dos anos 50. Seus pioneiros incluem : Sam Cooke, Ray Charles, Jackie Wilson e "mais esforçado operáriodo show business" James Brown. Três gerações de cantores de soul reunidos no Teatro Apollo no Harlem, para discutir o significado do soul. Smokey Robinson remonta as origens da canção OOO BABY BABY
Procedência: Nacional
Estúdio: Warner Home Video
Título Original: THE HISTORY OF ROCK´N ROLL - Vol 2
Tempo: 112
Cor: Colorido
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legendas: Chinês, Coreano, Espanhol, Inglês, Português, Japonês
Idiomas / Sistema de som:
Inglês -
Formato de tela: FullScreen
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A Historia do Rock and Roll - V. 3 Episódio 5 e 6
Descrição: LIGANDO-SE NA TOMADA Quando Bob Dylan plugou sua guitarra e começo a tocar rock´n ´roll no Festival Folk de Newport, em 1965 ele quase causou um alvoroço. O rock se reinventou na metade dos anos 60. Com imagens históricas de The Byrds, The Mamas and the Papas criando um novo som com California Dreamin´. Brian Wilson , membro do The Beach Boys fala da pressaão que sentiu ao competir com os Beatles. The Who e Jimi Hendrix agitam o Festival Pop de Monterey. Pete Townshend lembra a passagem. MINHA GERAÇÃO Relembra ao renascer vertiginoso e a angustiante queda do rock da contracultura dos anos 60. Em raríssimas imagens, vemos bandas de ponta e seus empresários, responsáveis por trazer à vida o "Verão do Amor" em Bay Area, depois que atingiram o estrelato internacional. The Grateful Dead, Santana e Jefferson Airplane tocam juntos, enquanto Janes Joplin aparece ao lado de Big Brother e The Holding Company com uma versão inflamada de Ball and Chain e ainda performances clássicas de Woodstock.
Procedência: Nacional
Estúdio: Warner Home Video
Título Original: THE HISTORY OF ROCK´N ROLL - Vol 3
Tempo: 109
Cor: Colorido
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legendas: Inglês, Espanhol, Português, Chinês, Coreano, Japonês
Idiomas / Sistema de som:
Inglês -
Formato de tela: FullScreen
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A Historia do Rock and Roll - V.4 Episódio 7 e 8
Descrição: HERÓIS DA GUITARRA Está focado nos famosos pioneiros, de Chuck Berry à Jimmy Page do Led Zeppelin e também alguns heróis como o virtuoso James Burton. Pete Townshend do The Who descreve como seus movimentos (sua marca registrada que lembrava um moinho de vento) sem que soubesse o aproximava de Keith Richards. Dire Streets, Eddie Van Halen, Slash e Jimi Hendrix juntos mostram como desvendar aquilo que Pete Townshend chama de "poesia física " da guitarra eletrica. OS ANOS 70 Recaptura os pontos altos artísticos e debochada decadência dos anos de glamour do Rock. Jimmy Page e Robert Plant recuperam as origens de LED ZEPPELIN. Steely Dan aparece em um show realizado no começo dos anos 70. David Gilmour , do Pink Floyd, lembra como foi feito o álbum Dark Side of the Moon. Lindsey Buckingham, do Fleetwood Mac, executa versão improvisada de GO YOUR OWN WAY e explica o significado pessoal da música. Acompanhe famosas cenas do show de David Bowie em seu clássico traje de Ziggy Stardust.
Procedência: Nacional
Estúdio: Warner Home Video
Título Original: THE HISTORY OF ROCK´N ROLL - Vol 4
Cor: Colorido
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legendas: Inglês, Espanhol, Japonês, Coreano, Chinês, Português
Idiomas / Sistema de som:
Inglês -
Formato de tela: FullScreen
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A Historia do Rock and Roll - V.5 Episodio 9 e 10
Descrição: PUNK Documenta como esse gênero musical usou canções curtas e simples para "reivindicar o rock´n´roll". Descobrimos que as raízes do punk estão nas ruas e na boemia de velvet Underground, na feiúra deliberada de Iggy Pop e no amadorismo campy (pouco usual) do New York Dolls. Observamos o cenário punk surgindo em New York, no Club CBGB - lar dos Ramones - Richards Hell, do Talking Heads e Patti Smith. Seguimos a rápida ascensão e meteórica queda na Inglaterra, através de uma das primeiras apresentações do Clash. DO UNDER-GROUND À FAMA Mostra como o rock se inventou nos anos 80 : com chegada da MTV . Membros do Devo e do Eurythmics explicam como eles produziram seus próprios vídeo musicais. Antigos clipes mostram apresentações de rappers pioneiros como Kurtis Blow e Grandmaster. O vídeo Bille Jean de Micahel Jackson que quebrou as barreiras raciais. Run D.M.C improvisando novas músicas. E o clipe Justify My Love, de Madonna, que foi banido da MTV. E sentimos a ira dos rappers hard-core, como Public Enemy e N.W.A.
Procedência: Nacional
Estúdio: Warner Home Video
Título Original: THE HISTORY OF ROCK´N ROLL - Vol 5
Tempo: 119
Cor: Colorido
Recomendação: 12 anos
Região do DVD: Região 4
Legendas: Espanhol, Inglês, Português, Coreano, Chinês, Japonês
Idiomas / Sistema de som:
Inglês -
Formato de tela: FullScreen
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O Homem e Seus Símbolos
Descrição:
Inspirado por um sonho do autor e concluído apenas dez dias antes de sua morte, este livro constitui uma tentativa de expor os princípios fundamentais da análise junguiana para o leitor, sem qualquer obrigatoriedade de conhecimento especializado de psicologia. Enriquecido por mais de 500 ilustrações O Homem e seus Símbolos, é um livro destinado a todos que se interssam pelo tema.
Editora: Nova Fronteira
Autor: CARL GUSTAV JUNG
ISBN: 9788520920909
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 2
Número de páginas: 448
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
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Magia de Aleister Crowley
Descrição:
Se você alguma vez disse para si mesmo "Eu gostaria que existisse um livro que explicasse clara e espirituosamente a magia e a filosofia de Aleister Crowley", você acabou de encontrá-lo. Este é um trabalho verdadeiramente importante porque explica muito sobre o trabalho de Crowley, com veemência e humor.
Editora: Madras
Autor: LON MILO DUQUETTE
ISBN: 9788537002636
Origem: Nacional
Ano: 2007
Edição: 1
Número de páginas: 255
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
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O Poder do Mito - DVD Duplo

Descrição: Uma inebriante entrevista com Joseph Campbell, conduzida pelo jornalista Bill Moyers na aclamada série da PBS nos EUA, transmitida para o mundo inteiro e aqui no Brasil pela TV Cultura. A entrevista é dividida em 6 temas:
1. A Saga do Herói
Muito antes dos cavaleiros medievais se encarregarem de matar dragões, os contos de aventuras heróicas já faziam parte de todas as culturas mundiais. Campbell nos desafia a ver a presença de uma jornada heróica em nossas vidas.
2. .A Mensagem do Mito
Campbell compara a história da criação de Gênesis com as histórias de criação no mundo. Por causa das constantes mudanças mundiais, a religião deve ser transformada e novas mitologias devem ser criadas. Hoje em dia, as pessoas se apegam a mitos que não lhes têm serventia alguma.
3. Os Primeiros contadores de Histórias
Campbell discute a importância de aceitar a morte como um renascimento, como no mito do búfalo e a história de Cristo, o ritual de passagem nas sociedades primitivas, o papel dos Xamãs místicos, e o declínio do ritual na sociedade atual.
4. Sacrifício e Felicidade
Campbell discute o papel do sacrifício no mito, que simboliza a necessidade do renascimento. Ele enfatiza a necessidade de cada um encontrar o seu lugar sagrado neste mundo tecnológico e acelerado.
5. O amor e a Deusa
Campbell fala sobre o amor romântico, começando pelos trovadores do século 12. Ele questiona a imagem da mulher, como deusa, virgem, a Mãe Terra.
6. Máscara da Eternidade
Campbell proporciona visões interessantes sobre os conceitos de Deus, religião e eternidade, como foram revelados nos ensinamentos cristãos e nas crenças dos budistas, dos índios Navajo, Schopenhauer, Jung e outros.
Informações especiais: Extra: entrevista com George Lucas, Diretor da Trilogia "Star Wars", onde explica como usou elementos de "O Poder do Mito" para a criação do Filme
Procedência: Nacional
Estúdio: Log On/Culturamarcas
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 2005
Elenco: JOSEPH CAMPBELL

O Baú do Raul Revirado - Audiolivro

Baú do Raul : Revirado, O - Audiolivro por Por: R$ 15,90
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Descrição:
A matamorfose ambulante, o maluco beleza, a mosca na sopa. O início, o fim e o meio. Este é o mito Raul Seixas, que ultrapassa gerações e se mantém cada vez mais vivo com o passar dos anos. Aqui você ouvirá suas lembranças e histórias desde criança, em todas as suas facetas. Entre e ouça a intimidade de Raul através de seus manuscritos e lembranças de amigos, um sujeito que como poucos viveu as transformações do século XX. Por isso mesmo, um Raul Seixas às vezes brincalhão, triste, frágil, angustiado, sarcástico...mas sobretudo irreverente. Pegue carona nessa cauda de cometa.
Narração : Tico Santa Cruz
Editora: Plugme
Autor: RAUL SEIXAS & SILVIO ESSINGER
ISBN: 9788561559373
Origem: Nacional
Ano: 2009
Edição: 1
Número de páginas: 0
Acabamento: Outros
Formato: CD
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It's only Raul Seixas. (But I like it.)
RAUL ROCK CLUB/RAUL SEIXAS OFICIAL FÃ-CLUBE
tel/fax (11) 2948 2983
celular (11) 8304 4568
Site: http://www.raulseixas.org
e-mail: raulrockclub@raulseixas.org
Blog: http://sylviopassos.blogspot.com
Live Spaces: http://sylviopassos.spaces.live.com

Sociedade alternativa

Sociedade alternativa

O cineasta e fotógrafo Ivan Cardoso abre seu baú com imagens raras de Raul Seixas para a exposição "O Prisioneiro do Rock", que acontecerá em agosto em São Paulo

Ivan Cardoso/Divulgação
Raul posa para Ivan Cardoso em 1977, no Parque da Chacrinha, em Copacabana

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se tudo tivesse acontecido conforme o planejado, seria Raul Seixas -e não Leo Jaime, como foi- o protagonista do filme "As Sete Vampiras" (1986), maior sucesso público do cineasta Ivan Cardoso, 56.
Desde 1977, quando se conheceram nos corredores da então recém-inaugurada Warner, Ivan tem o que chama de "fixação" por Raul. Na ocasião, ambos estavam contratados pela gravadora -um para fotografar as capas dos LPs, outro como uma das principais estrelas do cast.
Ficaram amigos. E é dessa relação que vêm agora as 30 fotos da exposição "O Prisioneiro do Rock", programada para estrear em 21 de agosto -aniversário de 20 anos de morte de Raul-, no Museu AfroBrasil.
Nenhuma dessas fotos, vale avisar, é resultado de uma sessão oficial da gravadora, tampouco virou capa de álbuns do artista. Todas foram feitas em sessões fotográficas informais, regadas a álcool e loucura.
"Tive ali um passaporte qualquer com ele, porque era estranho um cara se deixar fotografar daquela maneira", diz Ivan, referindo-se principalmente às fotos feitas no Parque da Chacrinha, em Copacabana, nas quais Raul vestia só uma cueca.
Segundo a memória do fotógrafo, Raul levou bebida, um cachorro e uma boa quantidade de roupas. "Entre uma troca e outra, ficou só de cueca e eu tirei as fotos. Ele achou a maior graça. Tanto que, quando voltamos para o apartamento dele, repetiu o striptease."
Raul gostava de posar para fotos, principalmente se pudesse encarnar, com todas as caras e bocas imagináveis, o personagem-clichê do astro do rock. Foi por isso que, quando começou a trabalhar no roteiro do longa "As Sete Vampiras", Ivan escreveu um papel nesses moldes especialmente para o cantor interpretar.
"Quando fiz o convite, Raul ficou eufórico. Era sua chance de se tornar o que sempre sonhou ser: um ator de cinema", lembra o diretor. "Mas, quando voltamos a falar do assunto, a conversa não rolou. Ele estava numa fase pesada com as drogas, faltava aos shows, não conseguia assumir nenhum compromisso. Logo senti que as filmagens virariam um pesadelo."
Sorte de Leo Jaime.

O baú do Ivan
Paralelamente a "Prisioneiro do Rock", o Museu AfroBrasil programou, para o mesmo dia 21 de agosto, outra exposição com material de Ivan Cardoso. "O Mestre do Terrir" (título provisório) deve incluir principalmente fotografias e figurinos dos filmes do cineasta, muitos deles feitos nos anos 1970 com uma câmera super-8.
Ivan se orgulha de manter intacto todo esse acervo, em que estão incluídos clássicos do cinema marginal brasileiro, cenas de shows -como Gal Costa cantando "Falsa Baiana" no histórico "Fa-Tal", em 1971-, clipes musicais, videoentrevistas e milhares de fotografias.
Esse talento para guardar documentos até eles se tornarem relevantes, Ivan diz ter aprendido com Hélio Oiticica, de quem se tornou amigo quando ainda era adolescente.
O artista plástico era tão obcecado por registrar tudo o que acontecia ao seu redor que, quando se correspondia com seus amigos, datilografava as próprias cartas colocando um carbono entre duas folhas de papel branco. E arquivava uma cópia para sempre.
"Não cheguei à perfeição do Hélio, é verdade. Mas dei muita sorte", diz. "Como era eu que comprava a película dos filmes de produção underground em que trabalhei -do [Rogério] Sganzerla, do [Júlio] Bressane, do Neville [d'Almeida]- fiquei com os negativos para mim."
A mesma regra vale para seus tempos de fotógrafo de gravadora. "Na Warner, eu ganhava três vezes o valor pelo qual fui contratado. Pelo contrato, tinha que entregar 160 fotos por mês. E eu tirava 500", lembra. "Como eles não tinham interesse nesse material, os negativos de todas elas também ficaram todos comigo."
A primeira capa de LP que ganhou uma foto de Ivan foi justamente a de "Gal a Todo Vapor" (1971), registro ao vivo do show mais emblemático da carreira de Gal Costa.
Em seguida, faria outras tantas: de Caetano Veloso ("Araçá Azul", 1972), de Jorge Mautner ("Para Iluminar a Cidade", idem), de Walter Franco ("Respire Fundo", 1978), de Zé Ramalho ("A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", 1979).
Esta última é especial. Reunia num casarão abandonado em Santa Teresa, no Rio, Ramalho, a atriz Xuxa Lopes, Zé do Caixão em pessoa e Hélio Oiticica. "Eu convidei o Hélio, que naquela época estava duro, para ganhar mil pratas."
Entre todos esses artistas, Raul Seixas continua sendo seu modelo fotográfico preferido. Ou melhor: um deles. "Também sou muito fã do Roberto Carlos. Um dia ainda faço uma foto dele." O difícil vai ser convencê-lo a ficar só de cueca.

20 anos sem Raul Seixas - Por Kid Vinil, colunista do Yahoo! Brasil

20 anos sem Raul Seixas - Por Kid Vinil, colunista do Yahoo! Brasil

No dia 21 de agosto, de 1989, falecia, aos 44 anos, o mais aclamado roqueiro brasileiro, Raul Seixas. Conheci o trabalho dele a partir do álbum "Krig-Há,bandolo!", de 1973, em que estavam seus primeiros grandes sucessos como "Mosca na Sopa", "Ouro de Tolo", "Al Capone" e "Metamorfose Ambulante". Antes disso, Raul Seixas tinha lançado dois discos, um em 1968, chamado "Raulzito e Os Panteras", e "Sociedade da Grã Ordem Kaverinista Apresenta Sessão das 10" (com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star), de 1971.

Considerado um dos discos mais raros da discografia de Raul Seixas, "Sessão das 10" foi reeditado em CD em 1995, pelo selo Rock Company, e em 2000 pela Sony. As duas edições ficaram difíceis de encontrar, pois esgotaram rapidamente. O LP original hoje é considerado exemplar raro de colecionador e vale uma pequena fortuna. Em 1974, mais uma vez ao lado de seu parceiro Paulo Coelho, Raul lança "Gita". Na mesma época, ele foi exilado nos Estados Unidos por divulgar a "Sociedade Alternativa" em suas apresentações, mas retornou ao país no mesmo ano devido ao sucesso de "Gita", que na época vendeu mais de 600 mil LPs.

Raul Seixas marcou a década de 70 com mais seis discos que se tornaram clássicos de sua carreira. Iniciou os anos 80 com o álbum "Abre-Te Sesamo", que trazia os sucessos "Aluga-se" e "Rock das Aranha".

Foi na década de 80 que conheci Raul Seixas pessoalmente. A primeira vez foi em uma entrevista para um programa de rádio que eu apresentava, em 1983. Ele - muito solícito e profundo conhecedor de rock - nos deu uma aula no ar. No mesmo ano, acompanhei as gravações do programa "Mocidade Independente", da TV Bandeirantes, e tive a oportunidade de presenciar o profissional experiente, grande músico e interprete em ação, empunhando sua guitarra semi-acústica em performances inspiradas em seu ídolo Elvis Presley.

Sua meteórica carreira infelizmente definhou na década de 80, mas mesmo assim ele lançou mais seis grandes discos culminando com "A Panela Do Diabo", com Marcelo Nova. Uma das coisas que sinto orgulho em contar é sobre quando Marcelo Nova me disse o que Raul Seixas pensava a meu respeito. Certo dia, nos idos dos anos 80, estavam Marcelo e Raul assistindo ao programa do Chacrinha, na Rede Globo, e de repente eu apareci cantando "Eu Sou Boy". Raul Seixas virou para o Marcelo Nova e disse: "eu gosto desse cara, ele é verdadeiro naquilo que faz". Me emocionei bastante ao saber desse comentário e cresceu mais ainda a idolatria e respeito que eu sentia pelo nosso maior roqueiro de todos os tempos.

Várias homenagens foram programadas pra esses 20 anos da morte de Raul Seixas. Em maio desse ano, durante a Virada Cultural, foi armado o palco "Toca Raul" e uma centena de bandas prestaram sua homenagem, incluindo a reunião dos Panteras e também do Nasi (ex-Ira!), que fez uma releitura do álbum "Krig-Há, Bandolo!", que segundo ele é um dos melhores discos do rock brasileiro. Até o final desse ano também foi prometido o documentário "Raul Seixas, o inicio, o fim e o meio", com direção de Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel.

Discografia de Raul Seixas

1968 - Raulzito e os Panteras

1971 - Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10

1973 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock

1973 - Krig-Ha, Bandolo!

1974 - O Rebu

1974 - Gita

1975 - 20 Anos de Rock

1975 - Novo Aeon

1976 - Há Dez Mil Anos Atrás

1977 - Raul Rock Seixas

1978 - O Dia Em Que a Terra Parou

1979 - Mata Virgem

1979 - Por Quem Os Sinos Dobram

1980 - Abre-Te Sésamo

1983 - Raul Seixas

1984 - Metrô Linha 743

1985 - Let Me Sing My Rock And Roll

1986 - Raul Rock Volume 2

1987 - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!

1988 - A Pedra do Gênesis

1989 - A Panela do Diabo (com Marcelo Nova)


Kid Vinil é músico, jornalista e radialista. Fez parte do grupo Magazine, apresentou e produziu programas de rádio na 89FM e Brasil 2000. Apresentou o programa "Lado B", na MTV. Foi Diretor Artístico Internacional das gravadoras Eldorado e Trama.
In: http://br.noticias.yahoo.com/s/08072009/48/entretenimento-20-anos-raul-seixas.html

Fereh e o Canto de Rock: Entrevista Sylvio Passos (bem mais que um simples amigo de Raul Seixas)

Fereh e o Canto de Rock: Entrevista Sylvio Passos (bem mais que um simples amigo de Raul Seixas)

Julho 10, 2009

sylvio_passos_2009

 Bem mais que o amigo de Raul. Sylvio Passos foi amigo de Raul Seixas e fundador do Raul Rock Club, considerado o maior e mais duradouro fã-clube no Brasil. A parceria entre eles fez com que Raul confiasse a Sylvio todo o seu acervo. Programas de TV, livros, eventos, shows em torno do artista levam de alguma forma a supervisão ou colaboração de Sylvio. Tive a honra de conversar com ele, depois de anos curtindo o som de Raul. Trago agora pra vocês no Remédio Rock!

 Fereh: Sylvio, poderia nos contar mais uma vez (pra quem ainda não souber) de que forma você conheceu Raul pessoalmente e como aconteceu a amizade?

Sylvio: Bem, conheci Raul em 1981, quando ele resolveu se fixar aqui em Sampa. Tudo foi muito mágico, muito rápido. Fundei o Raul Rock Club em junho de 1981 e rapidamente eu estava dentro da casa de Raul. Para mim – que era adolescente na época – era como se estivesse na casa do Bob Dylan. Logo essa relação fã-ídolo transcendeu, virando uma grande amizade.

Fereh: Raul Seixas realmente afirmava que você o conhecia mais do que ele próprio?

Sylvio: Sim. Raul costumava dizer que sofria de "apagamento", que não lembrava de muitas coisas e se alguém quisesse saber dele que perguntassem à mim. Mas eu acho mesmo é que Raul estava de saco cheio de ficar respondendo as mesmas perguntas. (risos)

Fereh: O cantor tinha alguma característica peculiar que não sabemos? Era metódico, organizado, muitas manias ou algo do gênero?

 Sylvio: Bem, esse tipo de coisa é característica de gênios, não? Sim, Raul tinha mil manias, principalmente de tentar organizar tanto sua vida pessoal e profissional com organogramas e anotações. Também registrava tudo o que fazia e pensava, afinal tudo aquilo teria alguma utilidade algum dia. Essas, entre outras "manias", eram coisas que tínhamos em comum. Acredito que esse detalhe também foi responsável por nossa amizade. Tínhamos muitas coisas em comum.

Fereh: Você acha que os livros que temos disponíveis sobre o Raul são confiáveis?

Sylvio: Eu diria que a maioria é confiável, sim. Mas, como, na maioria das vezes, os autores projetam em sua obra muito de sua visão pessoal, deve-se tomar um certo cuidado, não levando a ferro e fogo tudo que se apresenta em tais publicações.

Fereh: Além de coordenar e cuidar do Raul Rock Club, o que faz Sylvio Passos?

Sylvio: Essa administração do Raul Rock Club me toma quase todo o tempo. De certa forma, estou envolvido com quase tudo que envolva o nome e a obra de Raul Seixas; seja na produção de programas de rádio e TV, eventos, CDs, livros, revistas… Atualmente estou envolvido na produção do documentário sobre Raul que deverá chegar aos cinemas em novembro próximo e também em inúmeros eventos e projetos por conta dos 20 anos da morte de Raulzito.

Fereh: Você é compositor da música "Cowboy Fora da Lei" em parceria com Raul. Participou de mais alguma música dele?

 Sylvio: Raul sempre foi uma pessoa muito generosa e me proporcionou essa parceria na primeira versão de Cowboy Fora da Lei (Anarkilópolis), composta em 1984, três anos antes da outra versão que explodiu em todo o Brasil. Tentamos fazer outras, mas como não sou músico e a gente mais batia papo e curtíamos umas baladas, nenhuma delas foi adiante. Mas, mesmo assim, estou satisfeito e orgulhoso por ter sido parceiro de Raul em uma de suas canções.

 Fereh: Os fãs de Raul podem esperar novidades para 2009?

Sylvio: Sim. Vem muita coisa agora no segundo semestre de 2009 e muito mais está por vir nos próximos anos. É só os fãs ficarem antenados, pois nem tudo que está por vir ganhará destaque na mídia.

Fereh: Algo mais do "Baú do Raul" será mostrado ao público?

 Sylvio: Sim, esse baú guarda muitas novidades e elas chegarão ao público nos momentos certos.

 Fereh: Quais os próximos eventos coordenados por você em Sampa e pelo Brasil?

Sylvio: Estou com algumas apresentações da Expo Raul Seixas já confirmadas para o mês de agosto e também participações minhas em encontros de fãs em várias cidades do Brasil onde faço uma espécie de palestra (não gosto do termo palestra, acho formal demais. Prefiro chamar de bate-papo informal).

Fereh: O que o Sylvio está ouvindo ultimamente?

Sylvio: Estou ouvindo meus velhos ídolos do Blues e Rock and Roll e algumas coisas mais novas como o trabalho da Vivi Seixas que acabou de gravar um CD com versões remixadas de seu pai. Embora não seja exatamente o estilo musical que aprecio, estou curtindo a vibe dela. Tá bem bacana. Sou musicólatra e no meu iPod rola de tudo, de música erudita à heavy metal, passando por MPB, Jazz, Pop, Folk, Country, Progressivo e por aí vai. Música é combustível pra mim.

Fereh: E assistindo?

Sylvio: Estou tão atarefado com produções que pouco tempo me sobra para ver filmes. Os últimos que me lembro de ter assistido foram Control, The Great Rock and Roll Swindle e Lou Reed – Rock and Roll Heart.

Fereh: Manter esse fã-clube é fácil, médio, difícil ou "só para muito dedicados"?

Sylvio: Cuidar de fã-clube é tarefa muito difícil, tem que ter muita dedicação e, principalmente, criatividade e amor pelo que se faz. Sem esses ingredientes o fã-clube está fadado a falir.

Fereh: Você conta com algum incentivo cultural de nosso país?

 Sylvio: Absolutamente nenhum. Fãs-clubes não são reconhecidos como Entidades Culturais no Brasil. Talvez eu esteja abrindo esse caminho para as futuras gerações, afinal, o trabalho que faço, além de pioneiro, é único tratando-se de fã-clube brasileiro.

Fereh: Já pensou em promover algo Raulseixista aqui no Sul?

Sylvio: Sim. Inclusive estou vendo uma possibilidade de estar por aí em agosto, mas estou acertando detalhes ainda com o pessoal daí.

 Fereh: Quem é Sylvio Passos?

Sylvio: Um menino-adulto. Talvez um adulto-menino. Um sonhador convicto que carrega consigo a certeza de que tudo nessa vida vale a pena e deve ser vivido, experimentado, afinal, a vida é breve, muito breve.

 Fereh: A tua brincadeira favorita era? (responde vai…)

Sylvio: Quando criança, roubar livros. Quando adolescente, ler, ver filmes e ouvir música. Quando adulto, brincar de sonhar que ainda é criança, mas que não passa de um adultescente. (risos) Gostou?

Fereh: Quer nos deixar algum recado, agenda ou consideração final?

Sylvio: Como de costume, vou deixar algumas palavras de minha autoria. Se todas as mentiras que o mundo despejou em nossas almas apontassem ao menos um caminho pra encontrarmos a verdade, poderíamos afirmar que tudo valeu à pena. E de todas as mentiras, eu ainda prefiro as minhas. São mais verdadeiras, mais convincentes, nada óbvias. Bj, Sylvio It's only Raul Seixas, but I like it.

Acesse o fã club oficial do Raulzito: www.raulrockclub.com.br/

Aproveita e dá uma olhada no blog da Fereh: www.fereh.wordpress.com

IN: http://remediorock.wordpress.com/2009/07/10/fereh-e-o-canto-de-rock-entrevista-sylvio-passos-bem-mais-que-um-simples-amigo-de-raul-seixas/

Entrevista Revista InterAtual - Sylvio Passos: O escolhido de Raul Seixas

Entrevista Revista InterAtual - Sylvio Passos: O escolhido de Raul Seixas

  Por Oswaldo Coyote
Sylvio Passos: O escolhido de Raul Seixas
 

A Revista InterAtual tem a honra de entrevistar e trocar uma idéia com Sylvio Passos, para quem não sabe (o que acho difícil), Sylvio foi amigo e conviveu com o genial Raul Seixas. Hoje é dono do legado Raul Rock Club. Nesta entrevista concedida por email, conta a reação do "maluco-beleza" ao saber da criação do fã-clube, além de contar algumas passagens vividas ao lado dele e opinar sobre a música atual alegando que atualmente há uma grande variedade de opções e liberdade para ouvir o que se quer sem se prender à mídia de massa. Aí vai a entrevista na íntegra.

 

Revista InterAtual: Fale um pouco sobre o dia que você "descolou o fone" do Raulzito, e como foi a reação dele quando você disse que queria fazer um fã clube para ele?

Sylvio Passos: Consegui o telefone de Raul por intermédio de um anúncio num jornal. O Luiz Antonio, do Cavern Club (fã-clube dos Beatles), me ligou dizendo que havia feito um entrevista com Raul sobre o encontro dele com o Lennon e me passou o telefone da casa de Raul. Levei uns 2 ou 3 dias para criar coragem e ligar; mas quando liguei qual não foi minha surpresa ao notar que quem atendeu o telefone foi o próprio Raul. Ele perguntou quem estava falando e eu falei: "É o Sylvio...". Ele então falou: "Silvio Santos!?!?! Eu faço seu programa." Desfeita a confusão, Raul mostrou-se surpreso com a informação de que eu havia fundado um fã-clube para homenageá-lo e falou: "Rapaz, ninguém nunca fez um fã-clube pra mim. Você pode vir almoçar aqui pra gente conversar mais sobre isso?" Imagine como me senti naquele momento. Alguns dias depois lá estava eu na casa do Raul Seixas, almoçando com ele, e iniciou ali uma amizade que transcendeu a relação fã-ídolo. Nascia ali uma amizade que perdurou até o fatídico 21 de agosto de 1989.

Revista InterAtual: Com certeza você deve lembrar de um show do Raul no colégio Objetivo em são Paulo, ele estava "bebaço" e foi um verdadeiro show de rock, pelo que eu vi no vídeo o Raul não conseguia terminar uma canção e a galera ia a loucura. Gostaria de saber se você já "trocou" idéias com o Raul sobre esse dia? E se "trocou", relate para nós ...

Sylvio Passos: Eu estava com Raul nesse dia. Fomos para o Ginásio do Ibirapuera onde acontecia o FICO (Festival Interno do Colégio Objetivo) e ficamos horas esperando Raul ser chamado para o palco. Como demorou muito, Raul começou a tomar várias doses de uísque Drury's (Drury's era tomar aquilo.). Resultado: Quando finalmente chamaram Raul, lá fomos nós para o palco. Raul quase não acertava os degraus da escadinha pro palco. O resto está no vídeo que circula por aí.
Não me recordo de comentário algum de Raul sobre essa sua apresentação.

Revista InterAtual: Raul tinha um biótipo frágil, magrinho e parece que nunca cuidou da saúde. Parece que ele estava mais preocupado com sua passagem pela terra, ou seja, com as questões espirituais. Você já conversou com Raul sobre o destino da alma e as coisas que realmente têm valor na vida? Será que dá para contar alguma dessas conversas?

Sylvio Passos: Embora a maioria pense diferente, Raul era um sujeito muito vaidoso. Eu e Raul conversávamos sobre muitas coisas. Eu tinha o meu ponto de vista e ele o dele. Respeitávamos essas diferenças. É bom lembrar que eu era adolescente ainda; estava formando minha visão do mundo e das coisas do mundo.
Raul não acreditava que após a morte a alma vai pra algum lugar. Ele não conseguia enxergar sentido, coerência alguma nisso.

R. I.: Das mulheres que o Raul teve, parece que a Kika foi a que mais se identificou com o poeta, compondo e cantando junto com ele. O Raul já fez algum comentário desse tipo?

Sylvio Passos: Raul amou e amava todas as suas 5 companheiras. Cada uma teve uma importância singular na vida dele e ele sabia muito bem reconhecer isso.

R. I.: Das músicas em parceria com Paulo Coelho tem alguma que o Raul tinha preferência?

Sylvio Passos: A música favorita de Raul era A MAÇÃ. Ele dizia que ali tinha exatamente tudo aquilo que ele gostaria de ser. Afinal, ele nunca conseguiu colocar em termos práticos o que ele cantou em A Maçã.

R. I.: Sylvio, uma curiosidade de cachaceiro: o Raul gostava de beber uma purinha ou com limão?

Sylvio Passos: Raul era alcoólatra, tomava o que tinha pra tomar. Mas tinha preferência por Jack Daniels e Hi-Fi (Vodka com suco de laranja)

R. I.: No vídeo "Meu amigo Raul" a letra é sua e a voz é do Caverna. Adorei a frase mais do que verdadeira para muitos fãs: "muitas vezes você Raul faz falta". Fale um pouco sobre nós, os órfãos do Raul, nos dias de hoje, onde a mídia só toca lixo, e bandinhas de rock que vem e vão a todo momento. O Raul já estava prevendo isso nos anos 80, quando cantou em alto e bom som "que é muita estrela para pouca constelação". Você também acredita que a música hoje em dia é uma "charrete que perdeu o condutor"?

Sylvio Passos: Não consigo acreditar que a música atual é uma "charrete que perdeu o condutor". Existe muita gente boa fazendo música de qualidade nos quatro cantos do mundo. A questão não está na música em si; e sim nos veículos que executam músicas para as massas. Esses sim estão mais dentro dessa idéia da charrete sem condutor. Temos a opção de ouvir o que desejarmos. Se ficarmos nos preocupando com as coisas que não nos agradam, com essas tendências musicais, acabamos perdendo um tempo preciso com coisas que não nos interessam e que não temos poder algum para mudá-las. É um desgaste completamente desnecessário focar nossas energias nessas coisas.

R. I.: Cite sete bandas que ajudaram a fazer sua cabeça de rockeiro, levando em conta que o rock nasceu para dizer alguma coisa, divertir e fazer as pessoas saírem do normal: este é o espírito do rock.

Sylvio Passos: Eu gosto de vários estilos musicais. Tenho uma coleção com quase 8 mil discos de todas épocas e estilos. Atualmente estou ouvindo muito no meu " i-POBRE" algumas das minhas bandas favoritas como: Drive-By Truckers, Danko Jones, King Crimson, Frank Zappa, The Stooges, MC5, Nektar, Leonard Cohen e um álbum maravilhoso de Louis Armstrong chamado Satchmo Plays King Oliver que eu e Raul ouvíamos muito.

R. I.: A música "Clínica Tobias Blues", é um blues que eu adoro. Quero saber se realmente existiu a Clínica Tobias? Se o Raul ficou muito tempo internado nela ou se é só invenção de artista.

Sylvio Passos: Sim, a Clínica Tobias existiu. Inclusive até eu estive internado lá. Várias figuras ficaram internadas na Tobias. Era uma clínica que tinha um tratamento diferenciado das clinicas comuns. Era todo um tratamento baseado em antroposofia do austríaco Rudolf Steiner.

 
R. I.: Você está organizando para maio de 2009 em São Paulo um "Festival Toca Raul". Poderia fazer um pequeno resumo de como é organizar um festival com tantos artistas e bandas legais como o Nasi,Velhas Virgens, Marcelo Nova, Rick e muitos outros?

Sylvio Passos: Bem, esse evento não está sendo produzido por mim. Fui convidado pela Secretaria de Cultura e Prefeitura da cidade de São Paulo para fazer uma pré-produção e a Direção Artística de um palco dedicado ao Raul dentro do evento anual que acontece aqui em Sampa chamado VIRADA CULTURAL [www.viradacultural.org]. É um evento gratuito com duração de 24 horas ininterruptas. Vem gente de todos os lugares do Brasil e do mundo pra essa festa que com toda certeza é o maior evento artístico-cultural do Brasil, talvez da America da Sul.

Seguem abaixo links e endereços eletrônicos do Raul Rock Club. Agradecemos a gentileza do Sylvio em conceder esta entrevista.

Site: http://www.raulseixas.org  
e-mail:
raulrockclub@raulseixas.org
Blog:
http://sylviopassos.blogspot.com
LiveSpaces:
http://sylviopassos.spaces.live.com
YouTube:
http://www.youtube.com/user/sylviopassos

Raul censurado em pleno Século XXI, digo, 2009.

Raul censurado em pleno Século XXI, digo, 2009.

Raul censurado
Trinta mil capas já prontas do DVD de Raul Seixas, que a produtora MZA se preparava para lançar em agosto, precisarão ser refeitas. O Ministério da Justiça exigiu que se substitua a informação “Censura livre” por “Recomendado para maiores de 10 anos”.
A recomendação do Ministério da Justiça é porque o DVD contém cenas de “consumo de drogas lícitas” (cigarro e bebida) e “linguagem obscena”, provavelmente a música “Rock das aranha”, aquela de 1980 — uma brincadeira de criança em 2009 — que diz “Tomada com tomada não dá contato/ não dá curto-circuito”.

Walter Carvalho viaja para finalizar documentário sobre Raul Seixas

21/07/09

Walter Carvalho viaja para finalizar documentário sobre Raul Seixas


Lucas Cunha, do A TARDE ON LINE

Os fãs de Raul Seixas devem estar salivando na expectativa do documentário "O início, o Fim e o Meio", que sai até o final deste ano, quando se completam 20 anos de sua morte.

Pelo papo do diretor da produção, o cineasta Walter Carvalho ("Budapeste"), o público deve esperar um retrato único do cantor, com entrevistas especiais.

“Esta foi uma semana muito produtiva”, disse Carvalho, por telefone, quando estava prestes a viajar para os Estados Unidos em busca dos últimos depoimentos para a produção.

“Filmamos com o Zé Ramalho, que fez uma música a partir de um poema de Raul. Também teve o Tom Zé, que foi espetacular. Falamos também com o maestro Júlio Medaglia, que estava na comissão do festival que selecionou Let Me Sing, revelando ele para o Brasil ”.

As entrevistas recentes ainda incluíram o irmão do cantor, Plínio; o dono do maior fã-clube sobre o roqueiro baiano, Sylvio Passos; e a jornalista Alva Carvalho, que acompanhou um incidente peculiar da vida do Maluco Beleza, quando ele foi preso durante show na cidade de Caieiras, no interior de São Paulo, acusado de ser um sósia dele mesmo.

VIÚVAS – Agora, Carvalho e sua equipe partem para os EUA atrás das viúvas e filhas do músico, que moram nos Estados Unidos. Por lá, estão agendadas entrevistas com três ex-mulheres, um amigo e músico de sua banda, além das duas filhas.

Suas duas primeiras esposas são as norte-americanas Edith Wisner e Gloria Vaquer, com quem Raul teve as filhas Simone Vannoy e Scarlet Vaquer. Além delas, outra esposa será entrevistada: a terceira das cinco com quem Raul teve relacionamento, Tânia Menna Barreto, que também reside nos EUA.

Completa a lista de entrevistados o guitarrista Jay Vaquer, que acompanhou Raul durante os anos 70 como músico de sua banda. Para quem está ligando o nome do guitarrista ao jovem cantor pop Jay Vaquer, que se apresentou na última sexta em Salvador, procede a comparação. Ele é seu filho com a cantora Jane Duboc.

Passada a parte americana das filmagens, pode ser que aconteça um retorno a Salvador: É que, durante suas pesquisas, Walter Carvalho achou a imagem de um jovem, de cerca de 20 anos, que acabou sendo entrevistado durante a cobertura do velório de Raul Seixas, em Salvador.

"Me chamou atenção este rapaz. Primeiro, pela imagem: ele é jovem, bonito, cabeludo, aparentemente bem inteligente, articulado. E, o que é mais importante, ele dá uma entrevista muito emocionante durante o velório. Quando o repórter pergunta a ele se Raul foi um ídolo, ele responde enfaticamente: 'Raul não foi, Raul é um ídolo'. Achamos que ele pode ser um representante daquela juventude naquele momento, entender o que simboliza Raul para eles".

Carvalho quer entrevistar o rapaz, que julga estar atualmente na casa dos 37, 38 anos. "Quero saber o que ele faz hoje em Salvador, se é um médico, um doidão, um músico. Também ver hoje o que Raul Seixas ainda representa para ele".

A entrevista com o rapaz pode representar então uma volta à capital baiana para o fim deste ciclo, já que as filmagens começaram na cidade, três meses atrás, quando A TARDE acompanhou seu início. Na época, ele encontrou o “apoio fundamental” da Embasa como patrocinadora para conclusão do projeto.

Informações sobre o paradeiro do rapaz na foto podem ser enviadas para o e-mail af.executivo@uol.com.br, ou através dos telefones (71)9623-0357 e (11) 3819-5550.




IN: http://www.cineinsite.com.br/materia/materia.php?id_materia=9445

RAUL SEIXAS - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!

RAUL SEIXAS - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!
Entrevista Revista BIZZ - Março 1987

Atenção roqueiros! Vem aí o Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!, a aula de rock´n´roll de Raul Seixas. Para falar do disco, ninguém melhor que ele próprio. Logo no início da entrevista, Raul deslanchou a explicar minuciosamente música por música, acorde por acorde, letra por letra.
Entrevistar Raul Seixas não é tarefa fácil. Pioneiro do rock nacional - e personagem controvertido -, o que há de novo para perguntar a ele? Na verdade, logo, logo, descobri que sempre há algo de novo, inédito e rico para conversar com Raul.
Antes, porém, procedi aos levantamentos. Choveram cópias de reportagens - 60% eram lixo; 25%, razoáveis; e 15%, aproveitáveis. Êta jornalismo nacinal!!! Mas havia uma esperança, um último trunfo de pesquisa - Sylvio Passos (presidente do mais importante fã-clube de Raul, devidamente registrado num box no final desta matéria). Lá fui eu até o Parque Edu Chaves (periferia de São Paulo) e quase me afoguei no oceano de informações que Sylvio guarda sobre Raul. Por onde começar? E os calafrios na espinha aumentavam. Fiz poucas anotações. No último minuto, com a b* na cadeira e os dedos colados nas teclas, formulei 37 perguntas. Achei que daria. Tinha que dar. Vamos lá! Seja o que Deus quiser!
Mil telefonemas para acertar a entrevista. Desencontros na primeira tentativa. Tentamos mais uma vez. Chego a casa de Raul na hora marcada. Toco a campainha. "Quem é?", pergunta um garoto. "Sônia Maia, da revista BIZZ", respondo. De repente, sai de lá o próprio Raul. "Entre, meu amor!" . E a agonia tinha terminado. Ou melhor, tinha apenas começado.

"Você tem a fita do novo LP aí?", foi a primeira pergunta. "Sim, sim. Está sem mixar. Vamos subir e ouvir", ele responde.
Raul aperta a tecla play do gravador e os primeiros acordes começam a soar. Imediatamente ele começa a falar do disco. "Esta chama ´Quando Acabar, o Maluco Sou Eu´". E ele justifica o título: "Porque eu fiz esse disco para os roqueiros ouvirem, para eles não deixarem o rock´n´roll morrer... Ela tem uma guitarra bem Chuck Berry e um violão de 12 cordas mais para os Byrds. É uma verdadeira mistura raulseixista". Raul se detém numa frase e ri: "Veja: ´O Papa tem de se tocar e sair pelado pela Itália´", repete junto com a música.
A próxima é "Paranóia 2". É um rock surreal, mistura meio jazzística, mais ou menos na linha de ´Não Me Pergunte Por Quê´ (do LP Mata Virgem, de 78) e, também, de ´Eu Sou Egoísta´ (do LP Novo Aéon, de 75)", diz ele. "Gente" entra pelos ouvidos e a emoção aumenta. É, de fato um, superdisco, uma síntese de tudo que Raul já fez, moldado pela sonoridade atemporal do rock mesclado a várias correntes - e ele mostra-se orgulhoso com o resultado final do LP. "Esta música tem um ritmo novo, criado no estúdio mesmo", explica. "´Como o Diabo Gosta´ (a seguinte) é um rock/country, mais ou menos no estilo/humor dos anos 50. É baseada na minha história com a Lena (atual mulher de Raul)."
"Cowboy Fora da Lei" começa a rolar e ele solta: "É a que mais se aproxima da música-mensagem. Falo de Tancredo e de figuras como Luther King e Ghandi". Pergunto se Raul acha que Tancredo foi assassinado. Ele responde: "Acho". Aproveito a pausa para dizer que não gostei da versão que o Camisa de Vênus fez de "Ouro de Tolo". "Eu também não gostei. Perdeu o sentido que eu quis dar", completa Raul.
"Cantar"..."é uma balada mais ou menos no estilo Cliff Richard - um indiano que aconteceu na Inglaterra antes dos Beatles. Essa outra está censurada - chama-se ´Check-Up´. Eu não entendo. Cada fase eles (a censura) querem alguma coisa. Falo dos meus comprimidinhos, nada mais além disso. Essa também está censurada: ´Não Quero Mais Andar na Contramão´. Eu não entendo", lamenta. "É uma música em que eu falo que parei com tudo, não quero mais..."
"Canceriano Sem Lar" Raul fez quando estava na clínica Tobias, para tratamento contra o alcoolismo. "Não é traditional blues", ele emenda. "É uma coletânea de retalhos de rock´n´roll, rhythm´n´blues e gospel. ´Lola´ já traz temas característicos dos anos 50 - letra maliciosa versus música ingênua."
"Cambalache" - o famoso tango de Henrique Santos Di Cépalo, gravado por, entre outros, Caetano Veloso (em seu álbum branco de 69) - tem uma das misturas mais hilariantes do disco. "Um arranjo louco, superintuitivo, em três ritmos: a bateria fica no tango, o baixo em blues e a guitarra em rock. Todo quebrado", explica Raul
E, finalmente, a versão em inglês de "Gita", que ficou "I Am". "Falar I am ( e não "I´m, como no coloquial) é uma coisa muito forte, uma afirmação mesmo. Canto num inglês shakespeariano e este é um novo arranjo, sem orquestra. Preferi manter a coisa crua, mesmo. E é só", conclui, abaixando aos poucos o volume do gravador. E tem início a entrevista.

BIZZ - Vamos começar por onde você começou. Logo de cara, você disse que este disco era um presente para os roqueiros de hoje.
Raul - Porque o rock´n´roll nasceu mais ou menos em 54, com cinco influências diferentes: o rock de Chicago - Chuck Berry; do Alabama - Little Richards; os gospels (spirituals) dos negros americanos, e foi se transformando até Elvis Presley fazer o rockabilly. Mas em 59 ele sofreu uma queda - o rock´n´roll mesmo, aquela coisa da dança... enfim, o rock era, na medida que eu conheço, um movimento comportamentista - ter o cabelo assim (Raul mostra uma foto sua, ainda adolescente, de topete e gola alta), cantar desse jeito, de uma maneira tão estranha que as mães tiravam os filhos da primeira fila, pensando que eles estavam tendo ataque de epilepsia. E esses conjuntos de hoje estão fazendo uma coisa muito chegada ao que estão fazendo nos EUA. E lá está uma decadência! Musicalmente, é horrível! Música é música. Música é uma coisa bem-feita, tem ritmo, é gostosa. E o que está acontecendo é que a coisa não está rendendo. Não estão mostrando uma coisa nova. Estão, isso sim, atrasando a música verdadeira. Qualquer pe soa pega no contrabaixo e fica dando uma nota só. Cansei de ver isso, ouvir. Ouço até hoje. Então esse disco vai, assim, como um presente meu, para não deixarem o rock morrer. É um disco só de rock´n´roll. É isso!

BIZZ - Aproveita e fala um pouco da censura. Desta vez, você não teve problemas em colocar o aspecto político, mas, em compensação, teve problemas ao falar de seus comprimidinhos, "que o fazem quase ficar em paz", como diz a letra de "Check-Up", censuradíssima.
Raul - Exato, meus comprimidinhos! Sem eles eu não durmo. Mas o caso da censura é o seguinte: eles têm algo comigo, com meu nome, eu não sei... desde a época da Sociedade Alternativa, de Gita... cada hora a censura muda para uma fase: fase que não pode falar de sexo, fase que não pode falar de drogas, fase que não pode falar de política. Agora está aberta para a política. Quer dizer, músicas que o ano passado jamais passariam estão passando agora. Regravei duas delas. Agora estão na fase de drogas. Não sei o que eles estão pensando. Estou esperando que mude o governo, que mude alguma coisa em matéria de censura, para eu poder fazer passar "Check-Up" e "Não Quero Mais Andar na Contra-mão", pois são duas músicas belíssimas, como um filho para mim... a gente pari e tem de criar. É difícil vê-los vetados assim.

BIZZ - Em 73/76 você começou a freqüentar uma sociedade esotérica e se envolveu com ocultismo etc. Queria que você dissesse como foi aquela fase e o que ficou dela. Você chegou até a ser expulso daquela sociedade...
Raul - Exato. Além de ser expulso da AA (cujas iniciais foram interpretadas no passado como Argentum Astrum), eu fui posto para fora do país. Essa sociedade simpatizou muito com a música "Sociedade Alternativa" e com o trabalho que eu estava fazendo com o Paulo Coelho na época. Era um trabalho no senti- do de fazer uma reestruturação de todos os valores. Isso tudo acarretou em muitos prejuízos para mim. E a reestruturação, essa mudança de valores, não foi completa porque o governo não gostou. A AA me deu um terreno enorme em Minas Gerais para eu construir a Cidade das Estrelas, que era meu sonho na época. Tipo colocar o anti-advogado, o anti-guarda, o anti-tudo... Mutação radical de valores, mesmo. Porque está mudando, só que as pesssoas não querem ver. Até hoje a Sociedade Alternativa fica comigo como uma boa lembrança. Não guardo nenhuma cicatriz psicológica sobre minha saída daqui, que foi braba. Eu pertencia a esta AA, tanto aqui como nos EUA. Fui neófito dessa sociedade. Mas, como eu enrolei um baseado num papiro egípcio, queimei o papiro deles, que era tido como uma coisa sagrada, eles me botaram para fora. E ficou por isso mesmo. Fui expulso e não voltei mais. Cheguei a iniciar onze pessoas nos EUA. Coisa de maluco, mesmo. Cheguei a freqüentar a livraria onde os grandes mestres se escondiam e se encontravam. Eu falava - e falo - fluentemente inglês. Não foi difícil, até aquela besteira que eu fiz e eles não gostaram nada. Tinha de fazer os exercícios que estavam escritos no papiro, e eu não fazia. Também, eu estava muito confuso nos EUA. Tinha sido recém-expulso daqui, estava sem dinheiro, ficava cantando country music nas esquinas para ganhar dinheiro - botava um chapéu de cowboy e metia bronca. E ganhava grana, mesmo. Porque lá eles dão valor. Você cantando direito, junta gente mesmo.

BIZZ - O Sylvio disse que a Sociedade Alternativa nunca começou, nem nunca terminou, que ela sempre existiu. Como assim?
Raul - Ela sempre existiu, desde o tempo do Egito. Inclusive Aleister Crowley, que é o papa maior desta entidade, ele se baseou nos papiros egípcios (não aquele em que eu fumei maconha. Esses deviam ser mais gostosos)... uma coisa de Osíris, Íris e Horus - pai, mãe e filho. E ele descobriu um segredo terrível, lá.

BIZZ - Qual era o segredo?
Raul - Eu não sei, porque eu era neófito. Só na quarta iniciação eles contavam o segredo (risos). Por isso eu disse que nunca começou, nem nunca terminou. Vi que meu ponto de vista não estava muito longe da AA. O que é, é. E sempre será. Não adianta mentir, mistificar.

BIZZ - Agora, conta todos os detalhes de sua expulsão do Brasil, em 74.
Raul - Até hoje não sei realmente qual foi o motivo. Mas veio uma ordem de prisão do I Exército e me detiveram no Aterro do Flamengo. Me levaram para um lugar que eu não sei onde era... tinha uns cinco sujeitos... bom, eu estava... imagine a situação... eu estava nu, com uma carapuça preta que eles me colocaram. E veio de lá mil barbaridades: choque em lugares delicados... tudo para eu poder dizer os nomes das pessoas que faziam parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo. O que não era. Era uma coisa mais espiritual... eu preferiria dizer que tinha pacto com o demônio a dizer que tinha parte com a revolução. Então foi isso - me levaram, me escoltaram até o aeroporto...

BIZZ - Sem você arrumar as malas?
Raul - Nada, nada. Fiquei apavorado, fui direitinho...

BIZZ - E te largaram lá (nos EUA), sem mais nem menos?
Raul - Sim, mas eu tinha família lá. Eu era casado com uma americana, na época. Sou casado cinco vezes.

BIZZ - Você não consegue ficar descasado, não é?
Raul - Não consigo. Eu gosto de ficar com minha mulher, assistindo videocassete. Fico fazendo minhas bombinhas dentro de casa e jogando para fora e dando risada, vendo co- mo estoura lá fora. Não gosto de me expor. Por isso gosto mais de estúdio que de show. Você expõe muito seu corpo num show. Mas o que foi que você perguntou mesmo?

BIZZ - Você tinha chegado nos EUA...
Raul - É. Primeiro eu fui para a Geórgia. Pegamos as coisas de Glória e colocamos no Cadillac que eu comprei do pai dela. Um Cadillac ano 57, cor-de-rosa, do tempo de Elvis Presley. Atravessamos os EUA inteiros, chegamos até Nova York e fomos morar no Greenwich Village.

BIZZ - Na boca do leão...
Raul - Exato. Ali é brabeza. Não sei como eu não morri. Acho que Deus protege os inocentes..Altas horas da noite e eu por dentro daquelas ruelas, na barra-pesada... e aqueles criolos, de chapéu para baixo... e tem uma história que eu nunca me esqueço. Numa dessas "buscas", eu fui parar numa rua sem saída. E lá tinha um palhaço - bonito, todo vestido pomposamente - comendo lixo. E ele me ofereceu. Fez um gesto assim com a mão para eu comer lixo com ele. Eu fui. Pelo menos o lixo americano e bem mais saudável, tem uma porção de coisas para você comer. E eu fiz a festa. Eu e o palhaço. Eu não ia desrespeitar o cara. Vai saber quem era - de repente, um paranóico, um maníaco...

BIZZ - E lá nos EUA você encontrou aquele povo todo - John Lennon, Jerry Lee Lewis. Conte como foram esses encontros.
Raul - O John, eu fui até ele com um cara, repórter da revista O Cru- zeiro. E esse cara se atreveu a perguntar sobre a separação de John e Yoko. O John mandou o guarda-costas dele botar o cara para fora. Aí eu disse que não tinha nada a ver com isso, que meu assunto era outro. Ficamos conversando o tempo todo sobre as grandes figuras da humanidade: sobre Jesus Cristo, Einstein, Calígula, Crowley; enfim, figuras que modificaram o rumo da humanidade, basicamente. Aí teve um momento em que ele me perguntou: "E lá no Brasil? Quem tem?" Aí eu fiquei todo nervoso e larguei um Café Filho qualquer. E ele: "Hein?!?!" Eu disse: "Nada, nada. It´s all right... não tem ninguém não". E ficou por isso mesmo.

BIZZ - O Jerry Lee Lewis foi...
Raul - Em Memphis, Tennessee. Num lugar chamado Bad Bobs, Bobs malvados. Ele chegou com a gangue dele e eu fui logo malhando o rock moderno e ele gostou. Ele estava cheio de Bourbon e até me acompanhou no piano. Eu tinha a gravação até há pouco tempo. Não sei o que houve. Alguém já deve ter levado daqui. E foi legal, o povo americano aplaudiu, mesmo.

BIZZ - Nessas histórias de encontros, teve ainda aquele com Mick Jagger, isso em 68, quando ele esta aqui no Brasil. Na época Jagger lhe disse coisas que mudaram suas idéias. O que foi que ele disse?
Raul - Ele me antecipou os valores morais que estavam vigentes naquela época e que não tinham chegado ao Brasil. Me antecipou o que estava acontecendo musicalmente, culturalmente, em matéria de comportamento... foi interessantíssimo. Fiquei impressionado e me valeu para modificar os meus valores - eu era baiano arraigado, aquelas coisas em que você fica meio pendurado. Primeiro, minha mãe queria que eu fosse presidente. Aí eu disse: "Ah! Mãe, não dá. Presidente da República não dá". Depois queria que eu fosse diplomata. Eu acabei sendo o que eu sou, mesmo. Me formei em Filosofia para mostrar aos pais da minha primeira mulher - que eram protestantes - como era fácil ser burro. Mas não segui carreira. Utilizei isso depois, nas minhas músicas. Fui mais fundo, bem mais fundo.

BIZZ - Tem esse escrito seu, que eu consegui com o Sylvio, e que eu achei muito interessante: "Duas Palavras Sobre a Revolução Pop". Quando você escreveu isso? Fale um pouco do que está dito aí.
Raul - Olha! Legal isso" Isso está ligado justamente ao que Mick Jagger conversou comigo. Foi mais ou menos na mesma época. Escrevi para o meu pai, nem sei se ele chegou a ler... a mudança em todos os meios de comunicação. Eu digo isso numa música chamada "A Verdade Sobre a Nostalgia", do disco Novo Aéon: "Mamãe já ouve Beatles, papai já desbundou. Com meu cabelo grande, eu fiquei contra o que já sou". Não é isso?! É o seguinte: essa coisa, esse movimento todo, foi por água abaixo, porque o sistema se utilizou disso e os jovens não notaram que estavam comprando roupa hippie; como os punks, hoje em dia, estão comprando roupa punk, estão raspando a cabeça e cantando músicas que o sistema está comercializando. Não é assim que se entra. Tem de entrar em buraco de rato, e rato você tem de transar. Mas transar conscientemente - jogar com dinheiro, com os valores que debitam em você, mas sabendo. Não como esses conjuntos que a Globo faz, que são meteoros e são "sucumbidos". Eles não têm consciência da estrutura, não têm uma estrutua básica formada, uma visão ideológica, ontológica e metafísica do mundo circundante. Esse é o grande erro, a meu ver.

BIZZ - Falando um pouquinho sobre MPB, o que foi significativo para você na música e na mensagem?
Raul - O Tropicalismo foi importante para a MPB. Deu uma guinada. Você sente quando dá uma guinada. Não adianta você pichar, dizer que não é, porque é. E foi um movimento, consciente, porque os meninos eram inteligentes.

BIZZ - E o Gil está lá na Bahia, como secretário da Cultura. O que você acha disso?
Raul - Não acho legal, não. Porque eu não gosto de política. É a mesma coisa que jogador de futebol querer ser artista, ator de novela querer cantar música. Mistura as bolas. A não ser que ele opte.

BIZZ - Quando você estava na Bahia, em 66, o Jerry Adriani falou para você ir para o Rio que ele ajeitava tudo. Você foi, não deu nada certo, e voltou para a Bahia. Este foi um período meio nebuloso para você. E teve a coisa de todo mundo ficar preocupado, cochichos entre sua mulher e sua mãe. Fale um desse enclausuramento e o resultado disso tudo.
Raul - Eu estava sozinho, no embrião, tecendo minha teia dentro daquele momento que, aparentemente, parecia loucura, que eu não ia mais sair daquilo ali. Que nada! Eu estava preparando a minha bomba. Eu já tinha escrito "Ouro de Tolo" naquela época, na parede. "Metamorfose Ambulante" também estava na parede.

BIZZ - E quando você chegou ao Rio (em 67), não entendeu nada do que estava acontecendo: Agnaldo Timóteo, de um lado; Mutantes, Gil e Caetano, de outro. Como você ficou no meio dessa salada?
Raul - Nós - Raulzito e os Panteras - estávamos fazendo uma coisa intimista, mesmo. Eu não sabia que o disco tinha sido lançado pela gravadora para constar no catálogo. Esses negócios que a fábrica faz, para dar à Inglaterra um número x de lançamentos que eles estão fazendo aqui. O disco não era para ser divulgado, para nada, e eu não sabia. Então, eu trabalhei à toa. A gente saía às 4 horas da manhã, chegava na cidade às 10 para divulgar o disco. E os caras da gravadora, quebravam o disco, cuspiam, pisavam... faziam horrores. E a gente passando fome!

BIZZ - Mesmo você estando ligado ao pessoal em voga na época - Wanderley Cardoso, Roberto Carlos, Wanderléia?
Raul - Nada frutificou. Estava acontecendo o movimento da Jovem Guarda, de um lado, e o Fino da Bossa, do outro. E era uma briga, briga até antiga. Eu me lembro que a gente fazia rock num lugar, lá na Bahia, que se chamava Cinema Roma - era o templo do rock. E no Teatro Vila Velha se apresentavam os intelectuais: Caetano, Gil, Tom Zé, Maria Bethânia, que faziam bossa nova. E eles eram contra guitarra elétrica. Falavam que era entreguismo. E o Tropicalismo acabou com essa diferença. De Elis Regina, de um lado, e Roberto Carlos, do outro. E eu, com o Raulzito e os Panteras, não estava em nenhum desses dois. Enfim, não vingou. Os dois grupos eram muito fortes na época. O meu disco era muito intimista. Falava sobre agnosticismo -, uma música lânguida, e eu cantando com a vozinha fina...

BIZZ - Foi nessa época que você chegou à conclusão de que ainda não era aquilo que você queria dizer à juventude?
Raul - É! Por isso mesmo. Não foi forte como eu fui em 74, abalando mesmo as coisas.

BIZZ - Você ainda continua sendo um dos poucos - ou o único - a fazer a fusão do rock com a música popular brasileira, como o baião. Fale um pouco dessa fusão e suas influências desde o início.
Raul - Eu nasci numa época fértil da música aqui para o Brasil. Tinha bossa nova, cha-cha-cha, Luiz Gonzaga, Trio Los Panchos, Yma Sumac - ela é uma loucura. Voz de violino... eu tenho uma cultura musical muito boa, sabe? E juntei tudo isso. Quando eu soltei, soltei tudo de uma vez. E o rock, porque eu morava ao lado do consulado americano e andava com os americaninhos... era um negócio fabuloso, uma cultura fascinante, e juntei tudo numa coisa só.

BIZZ - E de lá para cá? Tem algum grupo ou compositor que te influenciou?
Raul - Não, não. Eu estou descobrindo coisas até hoje. Descobri Bernie Cass, um cara que toca com Julie London, um guitarrista. É anos 50. Estou descobrindo uma cantora, a Violeta Parra. Descobri esse ritmo e ainda vou fazer uma música com aquele feeling. Apesar de ser difícil aquela batida, difícil pra burro. Estou em cima disso. Ela é demais. Enfim, estou descobrindo coisas. Agora, para dar um ziguezigue mesmo, não tem absolutamente nada que me traga um subsídio qualquer.

BIZZ - Você, Keith Richards, Mick Jagger e mais um ou outro são os únicos quarentões que conseguem manter a força e o espírito do rock´n´roll, de permanecer na mesma estrada. Como é manter essa chama acesa?
Raul - Essa vitalidade parece que nasceu com a gente. É uma coisa fantástica. Quando eu entro no palco me transformo. Não sou essa pessoa que está dando esta entrevista. Entro no palco e estou imbuído daquilo tudo, de meus pensamentos revertidos em música... com a capa do rock´n´roll. E sai assim, de maneira, não sei como definir.

BIZZ - Fale de sua relação com a mídia e os empresários. Das dificuldades que você enfrentou e ainda enfrenta.
Raul - É por isso que eu faço poucos shows. Quando eu estive com o Guilherme Araújo (73/74), fui destacado para ser mais um baiano. Eu era baiano, mas não era dos baianos - Bethânia, Gal, Gil, Caetano. E eles cuidavam dos livros, economicamente falando. E tinha a tia Léa - quero que você cite ela, que toma conta do dinheiro deles. E me passavam para trás. Jogavam tudo que era meu no Imposto de Renda deles. Esse negócio começou a me dar bronca. Tentei empresários inferiores, de nível mais baixo. Aí os lugares em que eu ia tocar também não me contentavam. Meu público é incrível. Em todo lugar eu fazia sucesso. Mas era muita repetição de feira de gado. Eu queria uma coisa maior. Eu levava o público ao delírio, e acho que ainda levo. Mas os empresários me passam para trás porque sou muito ingênuo nessa coisa de dinheiro. Eu queria achar um empresário bom, que correspondesse com minha parte artística. Se eles fossem legais comigo, eu também seria com eles. Muitas vezes eu fazia arbitrariedades porque eu sabia que não ia receber. (Raul se levanta e paga seu álbum de fotos e reportagens. Passa a relembrar alguns momentos interessantes, por exemplo a participação dele no Festival Internacional da Canção em 72.) Eu ia tirar a segunda colocação neste Festival. E os federais estavam atrás do palco...

BIZZ - Conta como foi essa história direito.
Raul - Foi quando eu levei o "Let Me Sing My Rock´n´Roll", o pessoal federal estava todo por trás da coxia, dando toque de que se eu ganhasse estava frito. Nunca tinha visto isso. Fiquei apavorado! Eu não podia ganhar! Isso porque o júri, segundo eles, era anarquista - Rogério Duprat, Guilherme Araújo, Nelsinho Motta, só a rapeja. Peguei o terceiro lugar. (Em outra foto, com Sílvio Santos, Raul se detém e fala do dia em que ele parou o programa do Sílvio.) Parei para mostrar a minha capa. Você sabe, ele é o artista do programa. E ele ficou todo sem jeito, e aí eu comecei a conversar com o auditório dele. Tomei dele. E aí ele quis sair a murro atrás da cena comigo. Nunca mais fui ao programa dele.

BIZZ - Fale um pouco da sua parceria com Paulo Coelho.
Raul - Eu digo que tinha uma briga cultural com ele, para ver quem ganhava. Eu era o melhor amigo do inimigo, e vice-versa. Com o passar dos anos, houve um desgaste. Mas sempre foi uma boa parceria, com afinco, e saíram obras lindíssimas, como "Canto Para Minha Morte", "Ave Maria da Rua", "Meu Amigo Pedro", "Tente Outra Vez". Tenho muita vontade de gravar um LP só com essas músicas lindas, tipo aquelas que não tocam no rádio, o outro lado do disco...

BIZZ - E o que você pretende fazer com todas essas raridades que você tem aqui?
Raul - Essa fita, por exemplo, é uma raridade mesmo. Raul também é documento! Trata-se de eu esculhambando com Roberto Menescal e André Midani no estúdio. Eles queriam que eu gravasse um sucesso. E eles tinham me malhado primeiro, malharam mesmo. Depois de Gita, eu fiz o LP Novo Aéon, que é o disco de que eu mais gosto. E este vendeu menos que Gita. E, aqui no Brasil, você tem que matar um leão por dia. Se não matar, você está frito, já perdeu, E aí, veio aquela história: "Raul Seixas perdeu a cabeça", e coisas do tipo. E eu tinha o tal sucesso "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", e fui naquele dia para gravar. Aproveitei esculhambei. Não gravei nada. Tem a fita aí do que saiu. E eu bêbado que nem o diabo, falando para eles: "Isso vai ser levado para história. Pode deixar, quando Raul morrer vai fazer sucesso. Pelo menos vocês têm essa fita". E não gravei a "Dez MiL..". Deixei para o outro dia. E eles ficaram preocu- padíssimos.

BIZZ - Como é Raul Seixas entrando no atual cenárico com esse disco?
Raul - Todo disco que eu faço é diferente um do outro. E esse eu acho que vai causar um rebuliço danado. Boto muita fé nele, em todos os sentidos - tanto como letra, como continuidade de um trabalho. Não de pregação, mas de um trabalho raulseixista. Ele é minha cara.

BIZZ - E os shows de agora? Lançamento do LP...
Raul - Não sei, não sei não. Eu vou fazer o videoclip. Já tenho idéias até demais. Vai ter que cortar.

BIZZ - E a história de lançar o disco lá fora?
Raul - Vou tentar lançar "Gita" em inglês, que ficou "I Am". Está indo para o Midem, que é o mercado internacional de não sei o quê. É um intercâmbio. O Adiel, que tem uma cancha danada, está superentusiasmado e nós também. Ele vai levar e tentar lançar a música lá.

BIZZ - Quem toca no disco?
Raul - Rick, na guitarra, piano, violão de 12 cordas e banjo. Ele é o homem dos sete instrumentos. Ah! toca slide guitar, também. O Pedrão começou no baixo, depois entrou Geraldinho e, finalmente, o Nenê (ex-Incríveis). Tem o Antenor, na guitarra, que toca jazz pra burro. Ele destrói a guitarra. E, na bateria, começou com Albino e, depois, Chicão.

BIZZ - No show, você estará com eles?
Raul - Eu quero. Já convidei o Rick. Ele toca com o Erasmo.

BIZZ - Você não ia atacar de produtor novamente? Ouvi dizer que você queria produzir o novo disco da Wanderléia...
Raul - É... Vou produzir um disco dela sim... um disco bem roqueiro mesmo... Botaram ela num caminho que não era o dela... coisa de produtor, que não é compositor. E o artista, quando não tem muita noção do próprio trabalho, se deixa levar pelo produtor e o produtor leva para o caminho dele...

BIZZ - E, fora isso, você está pensando em alguma outra coisa?
Raul - Estou com um cara aí para lançar. Um cara chamado Arthur, que eu conheci na clínica Tobias. Canta para c*..., 22 anos, loirinho. Vou levar para a Copacabana.

BIZZ - E eles já toparam?
Raul - Já. Lá eu tenho carta branca.

BIZZ - Você ia lançar um disco que se chamaria Persona. Por que você mudou de idéia e como seria esse disco?
Raul - Eu queria fazer um som baseado nas máscaras gregas. Ia ser outro disco pesado, daqueles fatídicos. E, sei lá, estou numa fase bem leve, preferi fazer esse disco para o pessoal dar prosseguimento à coisa genuína e pura que já é. Sem muitos sintetizadores. Eu ia fazer uma música chamada "Decálogo", sobre os direitos humanos, música baseada estritamente em filosofia existencialista, pessimista, agnóstica, metafísica, mesmo. Mas sabe quando você pendura tudo na parede e sente que não é aquilo, não é momento? Aí optei pela música mesmo.

BIZZ - Quais as coisas que leu e que foram realmente significativas para você?
Raul - Tudo que eu estudei. Estudei latim só para ler Metamorfose, de Ovídio. Me formei em Filosofia, Inglês arcaico, estudei muito Psicologia, fui a fundo mesmo, mas não levei adiante. Estudei Direito... mais filosofia mesmo, fui até além do que devia. E Literatura, também, muito... e chega, né?

BIZZ - Já que você falou que gosta muito de Ontologia, nunca aconteceu de você travar aquelas fatídicas discussões...
Raul - Ih! Varava a noite falando disso. Mil citações, um querendo pegar o outro na dialética, né?

BIZZ - Uma verborragia infinita!
Raul - Mas eu acabava com isso num instante. Quando me cansava, eu dizia: "Estamos aqui, dois seres humanos, discutindo há horas, e não chegamos a nenhuma verdade absoluta, porque não existe verdade absoluta, porque não existe verdade absoluta. E quer saber de uma coisa? Você não existe". (Risos gerais.)


Um fã-clube atípico

Um dos fãs-clubes de Raul Seixas, o encabeçado por Sylvio Passos é o que se poderia chamar de anti-fã-clube. Ou, melhor ainda, aquele que faz tudo que um fã-clube normalmente não faz. Sylvio foi responsável, por exemplo, pelo lançamento de um dos discos mais raros - e procurado a peso de ouro, hoje em dia - de Raul. É um coletânea do que ele considerou as maiores pérolas do autor, com gravações inéditas, intitulado Let Me Sing My Rock´n´Roll. Além disso (e apesar de não ter ganho um só tostão com esse disco), Sylvio se prepara para lançar, logo após ou simultaneamente ao LP de Raul, uma antologia poética do artista que levará o nome de A Metamorfose Ambulante. Alô, editores, vale a pena ver o materia, riquíssimo!
Para chegar até Raul, Sylvio colocou um anúncio no jornal. Um belo dia, o então empresário de Raul armou um encontro. "Quando ouvi Raul pela primeira vez, pensei: ´Esse cara deve ser muito louco. Preciso conhecê-lo´. Quando nos encontramos, olhamos um para o outro e era como se nos conhecêssemos há anos. E não nos desgrudamos mais", conta Sylvio. "Ele é um grande amigo meu", disse Raul em um dos vários telefonemas para acertarmos a entrevista.
A amizade é tão forte que Raul deixou aos cuidados de Sylvio escritos e mais escritos pessoais, fitas e mais fitas raras - além das que o próprio Sylvio gravou ou conseguiu -, fora a infinidade de reportagens e toda a discografia completa do artista. Conhecendo o Raul e Sylvio, dá para perceber que o artista ganhou um admirador à sua altura.
Ao contrário de Raul, Sylvio não curte apenas o rock dos anos 50. Além dos pais do estilo, ele gosta - e muito - dos Doors, Lou Reed, jazz, jazz-rock e blues, e declara que o Smack é a melhor banda de rock daqui. Este é o perfil do garoto de 23 anos que está no comando de um dos poucos fãs-clubes dignos de nota no Brasil. Quem tiver interesse, basta escrever para a Caixa Postal 12106, agência Santana, CEP 02098, SP. E, como diz o carimbo que Sylvio sempre coloca em suas correspondências: PARE, PENSE, ENTENDA.
Sônia Maia - Revista BIZZ - Março 1987

RAUL SEIXAS - "O ROCK´N´ROLL MORREU EM 59"

RAUL SEIXAS - "O ROCK´N´ROLL MORREU EM 59"
Revista Bizz de janeiro de 1986

Recém-chegado de uma mini-turnê transamazônica, quando tocou até nos garimpos de Serra Pelada, O grão-vizir do rock brasileiro recebeu Luisa de Oliveira e Alídê Vogt para uma das mais reveladoras entrevistas de sua carreira. Temas como sua prisão no governo Geisel, seus contatos com John Lennon, a importância de se levantar a gola da camisa e de não abrir as pernas para as caixas registradoras. Sem mais delongas, portanto...


BIZZ - Como foram os shows na Amazônia?
Raul - Fantástico, os garimpeiros ficaram fascinados. Eu li todo o manifesto de Aleister Crowley ("Faze o que tu quiseres, será tudo da Lei...") e eles aplaudiram e sentiram cada palavra. Agora o pessoal que manda mesmo é uma bandidagem danada. Barra pesadíssima.


BIZZ - Você mantém grupo fixo?
Raul - Procuro sempre conservar o pessoal que toca comigo, mas existe também um critério que diferencia músicos de show e músicos de estúdio. Estes eu uso sempre os mesmos: Paulo Cezar Barros, Ivan Mamão, do Azimuth... É gente acostumada a plugar, ir até a mesa de mixagem, fazem o trabalho deles em tranqüilidade e ganham por hora. Músico de show não, vive a aventura de cair na estrada.

BIZZ - O Wagner Tiso já não tocou com você?
Raul - Tocou sim, em 73. Foi uma experiência estranha. Ele, o Fredera do Som Imaginário, só gente da bossa nova... e saía rock. De vez em quando ele dava um acorde errado para eu sair do tom. E eu ainda cantava em inglês! (risos)

BIZZ - Quando você começou a ouvir rock?
Raul - Eu tinha nove anos e morava perto do consulado americano. Andava muito com o pessoal de lá e foram eles que me apresentaram Little Richard (o primeiro que fez minha cabeça), Howlin´ Wolf, Bo Diddley, Chuck Berry...

BIZZ - E quando você começou a tocar?
Raul - Eu já tocava profissionalmente aos dez anos, nos Relâmpagos do Rock... Eu tinha um amplificador que era um rádio de válvula do meu avô, adaptado pelo meu pai. O fio era curto e a gente tinha de ficar preso ao rádio. Isso em 54, 55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão, imitando o Little Richard, como eu via nos filmes que os americanos passavam. E sempre notava que as primeiras filas ficavam vazias. É que as mães pensavam que eu era epilético, com meu topete de brilhantina e camisa aberta com gola levantada. Tocamos assim até 66, quando fui gravar Raulzito e Seus Panteras. É um disco tão bonito... eu tinha voz de tenorino.



BIZZ - Como era o rock baiano na época?
Raul - Eram poucos os conjuntos... The Gentlemen, Os Ninos, onde tocava o Pepeu. Até dei uns cascudos nele por roubar meus acordes (risos). Mas o pessoal que vinha do Rio ouvia falar de um grupo baiano que mais entendia de rock´n´roll. Assim, acompanhamos todo mundo da Jovem Guarda (eles viajavam sozinhos): Ed Wilson, Roberto Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso. Mas gostava era dos Jet Blacks, que assim meio Ventures.

BIZZ - Os direitos autorais valem a pena?
Raul - Valem sim. Eu gosto muito de gravar, mais do que de dar show. Estou mais para cientista - gosto de ficar brincando com os tubinhos de ensaio dentro do estúdio, ver explodir e dar aquela risada, que nem aquele cachorro (ri à la Mutley). Prefiro ver tudo explodir do que me expor.

BIZZ - Você não gosta do palco?
Raul - Eu curto o palco, na hora em que eu entro acaba tudo. Como disse John Lennon, "eu vomito toda vez que vou subir ao palco". Com 40 anos de idade ainda fico nervoso!

BIZZ - Como era tocar rock nos anos 50?
Raul - A bossa nova surgiu junto com o cha-cha-cha, e o rock´n´roll, junto com uma influência do calipso. Era chique tocar bossa nova e o cha-cha-cha até que era permitido. O rock era outra história: eu tinha que ir até o clube das empregadas para dançar com elas. A empregada lá de casa era minha fã. Chegou uma vez para a minha mãe e disse que tinha dançado comigo. Minha mãe quase morreu... E eu ia dançar também com o pessoal da TR, uma transportadora de lixo. Era a moçada que curtia rock. A bossa nova era com o pessoal do Teatro Vila Velha. Na sociedade não se falava em rock, era coisa de empregada.

BIZZ- Você era marginalizado por isso?
Raul - Se era. Eu freqüentava Iate e o Tênis, que eram os clubes mais metidos a besta de Salvador. Chegava de camisa vermelha, com gola levantada, e ficava encostado num canto tomando cuba-libre enquanto os outros dançavam. Mas não me importava, achava ótimo, importante, tipo "tô revolucionando tudo".

BIZZ - E o que você acha do rock agora?
Raul - Dizem que se faz rock´n´roll por aí. Pra mim, ele morreu em 59. Rock´n´roll era um comportamento, James Dean, todo momento histórico. Aí veio o caos quando as indústrias não podiam mais parar de fabricar discos. Quando entrou a década de 60, botaram Chubby Checker para cantar "Hava Naguila", inventaram o hully-gully e o twist, tudo invenção de fábrica. O movimento já tinha passado. Eu chamaria de rock o que existe agora. Do Led Zeppelin, por exemplo, eu gosto - é uma abertura para dizer algumas coisas. O pior é que no Brasil não se está dizendo nada. Acho que voltamos àquela época de Cely e Tony Campello, em que se fazia rock "papai e mamãe". Mas tem o Kid Vinil querendo fazer rock mais antigo... Ele entende muito de rock.


BIZZ - Você não gosta de ninguém?
Raul - Gosto do Camisa de Vênus. A arte é o espelho social de uma época. As letras acabam inseridas dentro do ponto de vista está do que está acontecendo, tipo Nova República (risos). A TV Globo esses controla esses conjuntinhos todos.

BIZZ- E você?
Raul - Eu continuo fazendo meu trabalho. Você vê o Metrô Linha 743 (N. da R.: último LP de Raul), ele foi completamente podado pelaa Som Livre. Aliás, aproveito esta entrevista para pedir a rescisão do meu contrato. Quando eu gravei o LP, fui para os EUA e gastei oito mil dólares do meu dinheiro para pesquisar filmes em preto e branco. A música do Metrô linha 743 é preta e branca. Ela é de pau e briga, não tem nada de colorida. Aí eles não tocaram, não divulgaram. Ficou por aí...

BIZZ - E você quer continuar dando murro nessa ponta de punhal?
Raul - Quero e quero, vale a pena. Caso contrário, não durmo à noite. Estamos vivendo uma época caótica mesmo, mas este caos é o prenúncio de uma nova era. De dez em dez anos, ou de quinze em quinze, as coisas mudam. Nada de Nova República, nada disso... As coisas mudam no planeta Terra. Como aconteceu nos anos 50 com a geração pós-guerra.

BIZZ - E sua "Sociedade Alternativa"?
Raul - Continua vigorando o tempo todo, não importa de que maneira. São alternativas concretas mesmo, que têm de se solidificar. Mas não mais com palavras, nem com porta-estandarte... Até já fui expulso do país por isso.

BIZZ - Chegaram para você e literalmente mandaram embora?
Raul - "Literalmente" é choque no saco. Fui torturado mesmo no governo Geisel. Me pegaram lá no aterro do Flamengo, me botaram uma carapuça e fiquei uns bons três dias num lugar desconhecido. Aí vieram três pessoas: um bonzinho, outro mais inteligente - que faziam as perguntas - e um mais "agreste". Depois me colocaram num aeroporto e fui para Greenwich Village (bairro nova-iorquino).


BIZZ - Foi lá que você conheceu John Lennon?
Raul - Eu já me correspondia com ele. Eu e o Paulo Coelho (letrista, parceiro de Raul). Ele estava com um movimento chamado New Utopia. Conversamos sobre tudo isto e sobre as grandes figuras mundo. Ele ficava me perguntando sobre História do Brasil, queria saber quem tinha sido Dom Pedro..

BIZZ - Vocês chegaram a armar alguma coisa?
Raul - Não, porque eu tive de ir para a Georgia. Assim que eu voltei, o pessoal do consulado brasileiro veio em casa, dizer descaradamente que "Gita" estava fazendo maior sucesso, que era para eu voltar, que eu era patrimônio nacional. Mas vi muita coisa por lá. Toquei com Jerry Lee Lewis em Memphis, numa boate... ele me acompanhando no piano e eu cantando "Long Tall Sally" (um dos clássicos de Little Richard). Aí os americanos batiam palmas, pediam outra música enquanto eu me dizia: "Que diabo estou fazendo aqui, um baiano cantando rock em Memphis, Tennessee" Fiquei doido.

BIZZ - Nas gravadoras a sacanagem sobrepuja a honestidade?
Raul - Sim. Eu pulei de uma para outra porque nunca tive controle, nem com quem falar. A Som Livre é a pior de todas...

BIZZ - Então com quem você fala?
Raul - Com o público. Tenho um trabalho quase pronto para um disco novo.

BIZZ - Como vai ser?
Raul - Antes de tudo um disco raul-seixista. Depois, um barroco-rock. Vou utilizar alguns dos instrumentos que vocês viram aí, medievais e renascentistas, mas que se adaptam muito bem à cozinha baixo elétrico/bateria.

BIZZ - O "Rock das Aranhas" continua censurado?
Raul - Continua. Sabe o que eu tenho vontade de fazer? Um compacto com "Mamãe Eu Não Queria Servir o Exército" de um lado e "Rock das Aranhas" do outro. O problema é que um é da Som Livre e outro da CBS (canta "Mamãe Eu Não Queria..."). Sabe que é o maior sucesso quando eu toco isso? Todo mundo canta. E não toca no rádio.



BIZZ - Qual seria a banda dos seus sonhos? Vale quem está vivo e quem já morreu. ..
Raul - Os Beatles, não tem papo, eles foram incríveis mesmo. E a banda que acompanhava Elvis em 54/55: Scotty Moore, Bill Black e DJ. Fontana. Bateria, baixo de pau e guitarra... só isso e os caras faziam a festa, incrível!

BIZZ - Numa entrevista recente, você chamou os Paralamas de Parachoques do Fracasso. Por quê?
Raul - Foi uma brincadeira. Eu gosto deles sim, mas naquela linha que não é rock´n´roll. O que os conjuntos atuais precisam entender é que eles não têm de acompanhar o processo a que estão sendo induzidos inocentemente. Eles não têm uma estrutura sólida, estão aceitando ir com a corrente, totalmente disponíveis. Foi o que aconteceu com os hippies que, com o tempo, passaram até a comprar roupas "hippies" nas lojas do Sistema.

BIZZ - E o punk?
Raul - Também é moda, nada que atinja os alicerces do Sistema. O Sistema vai reverter e capitalizar em cima, se é que isso já não aconteceu...

BIZZ - E o que resiste a tudo isso, em termos de música?
Raul - É a verdade, é o coração. Aqueles escolhidos que não são afetados pela passagem do tempo. João Gilberto.

BIZZ - Quem mais no Brasil?
Raul - Vou dar um exemplo contrário. Vocês se lembram do Gilberto Gil na Tropicália? Agora aparece fazendo propaganda de jeans, com cabelo de rock, um cara que me esculhambava! Fui banido por eles, a turma da Bossa Nova, música pela música, arte pela arte... Depois o cara vira jamaicano e agora é rock?!?! Já o João Gilberto é um cara sincero. Arnaldo Baptista, Serginho Dias... os Mutantes todos, gosto deles.



BIZZ - Você sempre teve fama de irresponsável. É uma injustiça?
Raul - Eu sou teimoso e todos querem que eu seja certinho. Eu não, sou chato mesmo, "mosca na sopa" até hoje. Sou mais anárquico do que irresponsável, mas sei jogar. Se você mover uma peça errada, dança... é difícil.

BIZZ - E os OVNIS?
Raul - Em 73 eu comecei a falar nisso. Aí me encheram tanto que eu parei.

BIZZ - "Ouro de Tolo" aconteceu por causa deles, não?
Raul - A música rolou porque eu vi um disco voador. Foi um toque estranho mesmo, me senti impelido. Eu vomitei aquela música, não foi devagar não. Foi na Barra da Tijuca e durou uns dez minutos. E eu sou cético, agnóstico...

BIZZ - A humanidade evolui ou regride?
Raul - Isso é uma pergunta que você fez. Tem um livro meu de metafísica em que questiono a tese aristotélica, das cinco perguntas básicas: por que, quem, onde, como, qual... Não existem perguntas porque não existem respostas. Não existem respostas porque não existem perguntas. Eu não pergunto mais. As coisas são. Nós somos verbos. Somos e estamos, é a única coisa que a gente sabe. Conjecturar, quem há de? E é bonito assumir essa coisa de somente ser... Está todo mundo perguntando até hoje e ninguém tem resposta.